segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

CARTA AOS PAIS

 
 
 
A 14 de Fevereiro celebra-se o Dia de São Valentim, vulgarmente conhecido como o Dia dos Namorados. Neste dia celebra-se as relações de namoro mais direcionadas para os jovens. Paralela a esta questão, surge-nos a violência no namoro.
A violência emerge no contexto das relações de namoro, quando um dos parceiros (ou mesmo ambos) é agressivo, visando com esse comportamento colocar-se numa posição de poder e controlo sobre o outro. Este tipo de violência assume diferentes formas: verbal, psicológica, física ou sexual, algumas de tal forma subtis, que nem a vítima e muito menos os pais se apercebem desta situação.
Com a agravante que, à medida que a relação se vai consolidando, o/a jovem envolve-se numa relação marcada por ameaças, insultos, agressões, perseguições, controlo de horários, de telefonemas, da forma de vestir, das amizades, entre outros.
É frequente a vítima sentir que a culpa é sua, sendo esta uma das estratégias utilizadas pelo agressor, que na sequência da agressão, tende a mostrar-se arrependido e carinhoso.
Ora estes comportamentos, geram confusão na vítima, que perpetua a expetativa de mudança e fazem com que a relação se mantenha num círculo vicioso, alternando entre agressões e pedidos de desculpa.
Aos pais, deverá ser aconselhada uma educação baseada no respeito, na igualdade e na partilha de tarefas e responsabilidades entre homens e mulheres, pois este comportamento tem influência como fator de prevenção de relações violentas. Em todas as fases da vida dos filhos/as, mas com especial acuidade na adolescência, a presença de pais atentos, afetuosos e disponíveis é um aspecto fundamental na vida dos jovens, a fim de evitar relacionamentos abusivos e violentos.
No entanto, é difícil para os pais nos dias de hoje reconhecer se o seu filho/a se encontra numa relação de namoro violenta.
Na celebração deste dia, a UMAR/Açores, optou por elaborar esta CARTA AOS PAIS, onde para além do supra referido, acrescenta uma enumeração de alguns sinais de alerta comportamentais, por parte dos filhos/as, vítimas de violência no namoro:
- o/a jovem mostra-se triste, desanimado/a, infeliz;
- o/a jovem mostra-se agressivo/a ou irritável;
- o/a jovem isola-se da família, dos amigos, deixa atividades que praticava;
- o/a jovem apresenta marcas no corpo, sem justificação plausível;
- o/a jovem manifesta alterações de sono e/ou apetite;
 - o/a jovem mostra-se intimidado/a na presença do/a namorado/a;
- o/a jovem apresenta uma diminuição do seu rendimento escolar;
- o/a jovem evita falar sobre o seu relacionamento;
- o/a jovem mostra-se dependente, receando que o relacionamento termine;
Um comportamento destes isoladamente pode significar outra situação que não violência no namoro, de qualquer modo, deve ser alvo de atenção por parte dos pais e professores. 
É importante ouvir o/a jovem sem emitir juízos de valor e disponibilizar ajuda, seja para terminar com a situação, ou para apresentar queixa, pois a violência no namoro é crime.
Uma pessoa que sofre ou sofreu maus-tratos num relacionamento amoroso, manifesta uma diminuição na sua auto-estima, além de outros sintomas emocionais que necessitam intervenção especializada, de modo que procurar apoio psicológico pode ajudar a ultrapassar a situação e recuperar o bem estar.
 
Xénia Leonardo – Jurista
Rita Ferreira – Psicóloga
UMAR Açores
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 16 de Fevereiro de 2018
 


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