terça-feira, 14 de novembro de 2017

25 Anos de UMAR Açores


Associação Para a Igualdade e Direitos das Mulheres
 
Clarisse Canha e Maria José Raposo
 
Outubro de 2017 é mês de comemoração para a Umar-Açores. Em 1992 chega aos Açores a União de Mulheres Alternativa e Resposta, a fim de trabalhar a prevenção e o combate ao fenómeno da violência de Género no percurso feminista dos direitos das Mulheres e na Igualdade nos Açores, com base no ativismo e no voluntariado.
A violência contra as mulheres era e é um obstáculo à concretização dos objetivos da Igualdade que fundamentam os direitos humanos e as liberdades fundamentais.
Hoje, muitas mulheres vítimas do crime de violência doméstica não sentem ainda, nos seus quotidianos o impacto positivo dos avanços ao nível da legislação e das práticas, persistindo um sentimento de revitimização, de resposta desadequada ou extemporânea e de insegurança persistente.
Entre os grupos de maior vulnerabilidade a este fenómeno estão as crianças, as pessoas idosas, pessoas dependentes e as pessoas com deficiência. Contudo as mulheres continuam a ser o grupo onde se verifica maior vitimização, assumindo claramente uma dimensão de violência de género.
Desde 2008 a UMAR - Associação Para a Igualdade e Direitos das Mulheres, prossegue este trabalho com a mesma sigla, sem nunca desvirtuar os seus pressupostos e caminhada, passando de delegação para Associação.
Na evolução da UMAR-Açores, identificam-se diferentes etapas, desde o debate publico, formação-ação, promoção da mulher no trabalho, ativismo pelo fim da violência contra as mulheres. Articula atividades e projetos com organizações de outras áreas de intervenção, integrando trabalho de rede e inúmeras parcerias.
Em 1997, reconhecendo-se a violência doméstica e de género uma das barreiras à emancipação das mulheres e à igualdade, criou-se a LINHA SOS-MULHER, pioneira em Portugal, pensando nas mulheres que dentro de casa tenham as vozes silenciadas.
Uma das mais-valias da sua atividade nos Açores, prende-se com a garantia de trabalho continuado, com base no ativismo, voluntariado e equipas profissionais, assim como trabalho em rede e parcerias.
De facto nos anos 90, foi a hora de se criar raízes, numa evolução organizativa, que imprime à Associação uma responsabilização na prevenção, no estudo, na procura de soluções para colmatar as necessidades de inúmeras mulheres, jovens e famílias por estes Açores fora.
Aposta-se na prevenção, na sensibilização, na formação de mulheres, com vista à conquista da sua autonomia, capacitação e autoestima pessoal, social e profissional.
Momentaneamente cria-se a delegação da UMAR- Terceira e da UMAR- Faial, esta última com valência de Casa de Abrigo, a segunda nos Açores e a primeira a localizar-se no Grupo Central. Local onde as mulheres em perigo eminente encontram apoios, compreensão e orientação para traçarem um futuro sem opressão e perigo.
Por tudo isto destaca-se a UMAR-Açores, como Associação dinâmica, produzindo impacto na sociedade açoriana no âmbito da Igualdade e dos feminismos na Região.
Nas décadas de 80 e 90 destacam-se a celebração do Dia Internacional da Mulher e o lançamento do movimento de combate à violência doméstica e de Género.
Nas décadas seguintes, prosseguem-se linhas de formação/ação, destacando-se o papel de se refletir e desenvolver a prevenção no domínio da violência no namoro, violência doméstica e no âmbito da Igualdade de Género.
Faz-se investigação a fim de promover a mulher e o trabalho, comprovado em inúmeras publicações, que fomos editando online e em produtos diversos.
Nada se faz sozinhas e aqui registamos as inúmeras parcerias que fomos criando e sedimentando ao longo destes 25 anos, tais como o Governo Regional, associações da área e outras, associadas, voluntárias e amigas da causa.
Na génese desta Associação e ideal de ideário esteve e está uma mulher de nome – Clarisse Canha – feminista de convicção e de coração. Mulher, mãe, esposa e profissional dinâmica, astuta, perseverante, livre de espirito e de ação, profundamente igual a ti, a mim e a nós.
Todos e todas devem homenagear esta mulher, personalidade de caracter, detentora de um poder de ação e persuasão único, próprio e exemplar ao longo destes 25 anos, fazendo do seu pensamento uma devoção ao serviço dos direitos das mulheres e do progresso nas ilhas e que decididamente nos ensina todos os dias que o futuro é já amanhã e em conjunto somos mais fortes e assertivas.
Porque não dizê-lo – é a matriarca da Igualdade nos Açores pela sua constante e acutilante luta na reivindicação desta Igualdade.
É um autêntico pilar de congregação de vontades, de ideias, inovando, terminando e recomeçando a luta, sempre que se justifica, acreditando sempre ser possível.
Sem qualquer pudor, registo que é uma verdadeira inspiração e um privilégio trabalharmos a seu lado.
A UMAR é hoje uma associação que se reclama de um feminismo comprometido socialmente, empenhada em despertar a consciência feminista na sociedade açoriana, congregando gerações e ligando as «velhas causas com as novas causas», como seja a luta contra a Violência Doméstica; Paridade nos órgãos de decisão política, envolvimento internacional na Marcha Mundial da Mulher e os 16Dias de Ativismo Contra a Violência de Género.
A direção da UMAR- Açores combina hoje uma nova geração de mulheres com sonhos e anseios ainda por concretizar no âmbito da igualdade de género com mulheres que viveram os tumultos dos anos 70. Ambas criam elos e pontes de assertividade, na certeza porém de que nos próximos 25 anos erradicaremos fenómenos que tanto têm flagelado as mulheres na nossa sociedade, há que trabalhar arduamente para aprofundar os direitos das Mulheres.
Bem-haja a todos e a todas.
 
Maria José Medeiros Carreiro Raposo
Presidente da UMAR Açores
Associação para a Igualdade e Direitos das Mulheres

 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no jornal Diário Insular de 11 de Novembro de 2017

 


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