quarta-feira, 24 de maio de 2017

Quebrar estereótipos, assegurar #MuitoMaisIgualdade

Conferência internacional “Fé na Igualdade: Pessoas LGBTI, Religião e Espiritualidade”
17 de Maio de 2017
Fotografia de Pedro Loureiro
 

A 17 de maio celebra-se o Dia (Inter)Nacional de Luta contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia. Em 2017, foi a segunda vez que foi assinalado enquanto dia nacional em Portugal e desta vez aconteceu de uma forma muito mais pública, com hastear de bandeiras arco-íris na Câmara Municipal de Lisboa e Junta de Freguesia da Misericórdia (também em Lisboa), com a inauguração de uma faixa comemorativa na fachada do edifício da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e que por lá ficará até ao final do mês de junho, mas também com uma multiplicidade de eventos físicos e iniciativas digitais um pouco por todo o país. O 17 de maio é uma data especial porque relembra o dia em que a Organização Mundial de Saúde, em 1990, retirou a homossexualidade da lista de patologias. E porquê relembrar? Porque há muitos países e muitas áreas na nossa sociedade (também em Portugal) que continuam a categorizar as pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e/ou intersexo (LGBTI) como pessoas doentes, pessoas criminosas ou pessoas pecadoras e que, portanto, reforçam estereótipos e preconceitos, contribuindo assim para a discriminação e violência contra as pessoas LGBTI.
É pela importância e visibilidade deste dia que, desde 2013, a Associação ILGA Portugal apresenta todos os anos os resultados do Observatório da Discriminação em função da orientação sexual e/ou identidade de género. Em 2016, o Observatório recebeu 179 denúncias anónimas de incidentes discriminatórios, destas 92 configuram crimes de ódio segundo a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), o que não significa que seja este o entendimento do Código Penal Português. A maioria dos casos, e à semelhança de anos anteriores, tratam-se de insultos e ameaças verbais que acontecem regularmente em espaço público (na rua). As vítimas, na sua maioria, têm entre 18 e 24 anos, identificam-se como homens gay e reportam que a situação denunciada teve bastante impacto psicológico nas suas vidas. Interessante é perceber que pela primeira vez, temos um grande número de situações reportadas em que as testemunhas intervieram e apoiaram a(s) vítima(s) e é também positivo realçar que, e pelo segundo ano consecutivo, houve um aumento do número de denúncias para as autoridades. Estes dados espelham bem que a discriminação ainda existe e está bastante presente no dia-a-dia das pessoas LGBTI em Portugal, mas que as pessoas cada vez mais reconhecem a homofobia, a bifobia e a transfobia e atuam perante situações a que assistem ou de que foram vítimas.
Com a consciência de que há muito trabalho ainda a fazer e em muitas áreas, a ILGA Portugal organizou no dia 17 a conferência internacional “Fé na Igualdade: Pessoas LGBTI, Religião e Espiritualidade” com representantes da diversas religiões: Krzysztof Charamsa, padre ex-funcionário do Vaticano, Wajahat Abbass Kazmi, ativista muçulmano e fundador da campanha “Allah Loves Equality”, Mark Barwick, coordenador do projeto europeu Building Communities of Trust, Maria Eduarda Titosse, Pastora na Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal, e João Cláudio Maria, ex-maestro do coro de São Domingos de Castanheira de Pera. A religião não pode ser um tabu para a sociedade e para as pessoas LGBTI, portanto este é um primeiro passo para se falar abertamente sobre fé, crenças e de que modo é que as pessoas LGBTI podem praticar a sua fé livremente, sem receio de discriminação e sem exclusão da participação na vida pública.


Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Maio de 2017
 
 

 

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