quarta-feira, 24 de julho de 2013

DESTAQUE DO MÊS DE JULHO DE 2013

MARIA BETTENCOURT
 
Fotografia: Candi Bettencourt
 
Maria Garcia Gil Bettencourt tem 19 anos, o 12º ano de escolaridade e vive com a música desde sempre. No entanto considera a profissão de música como a “da miséria”…
 
Não se lembra de nenhum dia em concreto em que decidiu que queria cantar. Foi uma coisa que esteve sempre presente, já desde criança. A minha mãe cantava, o meu pai cantava e tocava, e depois todos os outros Bettencourt que de uma maneira ou outra me influenciaram. A sério comecei em 2007, com 13 anos.
 
Como é trabalhar num mundo maioritariamente masculino?
Sinceramente, é uma coisa que nunca me fez muita confusão. Para mim é normal. Talvez pelo hábito. É verdade que não há muitas mulheres em bandas, principalmente nas nossas ilhas, mas felizmente o número está a crescer. Também tenho tido sorte com as pessoas com quem partilhei o palco até hoje. Sempre me fizeram sentir como uma igual. A banda sempre me tratou como uma mulher, mas fez-me sentir como “one of the guys”. Quando subo ao palco, esqueço-me que sou a única rapariga no meio de 5 homens. Faço o meu trabalho o melhor possível. A principal dificuldade é, muitas vezes, ter de ouvir comentários menos agradáveis vindos principalmente do público masculino. Umas vezes dá-se resposta (vá, a maior parte das vezes. Não sou de ficar calada) outras, esses comentários entram por um ouvido e saem por outro. E há também o facto de levar mais tempo a arranjar-me. O pessoal todo com pressa, são homens, não querem saber de maquilhagem, e eu a tentar fazer o meu eyeliner o mais perfeito possível.
 
Sobre violência doméstica, pensa que muita gente acha que é uma coisa que a mulher deve aceitar. E não é. A vida pertence-lhe e deve ser ela a decidir o seu próprio destino. A igreja teve grande influência na ideia de submissão da mulher ao homem. Felizmente, as coisas estão a mudar e a evoluir para melhor. Mas há ainda muito a fazer para mudar este preconceito. Basta olhar para os números de mulheres vítimas de violência doméstica.
 
Releva o papel de associações como a UMAR Açores, pois é importante divulgar este problema (violência doméstica), sensibilizar as pessoas e abrir os olhos à nossa sociedade. Trabalhar para um futuro melhor. 
 
Que bandas a influenciam mais e porquê?
Em primeiro lugar, os Beatles. Não me lembro de não os conhecer. É a banda dos Bettencourts. Acho que não há ninguém na família que não goste deles. Depois os grande Led Zeppelin, os Queen e os Aerosmith. Todos liderados por grandes vocalistas que são um verdadeiro exemplo para mim. E da actualidade, os Paramore. São sem dúvida os que mais me influenciam. São liderados por uma rapariga, uma das mais energéticas e poderosas que vi em palco até hoje. Tenho muito respeito pela Hayley e pelo exemplo que ela dá a qualquer mulher que queira seguir a sua vida na música. Ela é a prova viva de que, actualmente, a mulher pode ter sucesso num mundo maioritariamente composto por homens e, para mim, destaca-se de todas as outras vocalistas que andam por aí agora.
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 24 de Julho de 2013.
 


Sem comentários:

Enviar um comentário