Entre os dias 5 e 7 de Dezembro, vários elementos da Associação de
Mulheres da Pesca dos Açores (IR – Ilhas em Rede) estiveram na Ilha Terceira,
onde realizaram a sua Assembleia, um “workshop” formativo e trabalho no terreno
abordando mulheres na prática das suas actividades no sector da pesca. Estiveram
representadas as ilhas de S. Miguel, Faial, Graciosa e Terceira, por meio das
suas associadas e membros da direcção, e onde a UMAR Açores também está presente.
No contacto realizado no terreno foi possível verificar que a realidade
das mulheres que se dedicam à pesca apresenta características diferentes nas
várias ilhas, sendo que na Terceira a mulher ocupa o espaço público para fazer
gamelas, safar aparelho, iscar, ou seja, fazer todo o trabalho de preparação em
terra. No fim-de-semana, ainda se fazem acompanhar das suas crianças, que
observam de perto toda a actividade.
Continuam a levantar-se diversas questões: “este trabalho é reconhecido
pelos familiares e pela comunidade?”, “é remunerado como uma actividade
laboral, ou é visto como uma ajuda aos pais/ maridos ou irmãos pescadores?”,
“as mulheres executam estas actividades como um prolongamento das tarefas
domésticas?”. Importa reflectir e agir, para que as desigualdades de género
continuem a esbater-se no mundo do trabalho em geral e neste sector em
particular, assim como na vida privada, doméstica, com partilha de deveres e
responsabilidades entre homens e mulheres.
Na Assembleia foi proposto e aprovado o Plano de Actividades da
Associação IR para 2016, no qual se pretende fazer um diagnóstico da situação
actual das mulheres na pesca, a sua evolução desde a última caracterização
feita em 2008, e também prosseguir as actividades e propósitos da Associação
tentando dar a conhecer esta realidade a mais pessoas (através de acções de
sensibilização, participação em actividades externas, actualização e edição de
materiais para divulgação, etc.).
Além disso, foram expressas diversas preocupações que assolam os e as
trabalhadores/as desta área, como a necessidade de efectuar paragens na faina
devido à grave redução dos recursos pesqueiros, o que terá de ser feito com
compensação financeira a/os profissionais incluindo quem trabalha em terra como
é o caso da maioria das mulheres activas na pesca. Foram debatidas outras
questões nomeadamente ligadas à legislação a entrar em vigor, como a realização
de contratos de trabalho que requer adaptações à realidade da pequena pesca.
No último dia de encontros, realizou-se um “workshop” formativo sobre as
questões da Igualdade de Género, onde foram partilhadas ideias e opiniões de
mulheres que trabalham na pesca, resultando estas num debate produtivo entre
todas as presentes.
Associações como a IR – Ilhas em Rede, pretendem valorizar o papel das
mulheres no trabalho desenvolvido na pesca, pois estas são fundamentais a todo
o processo. Nesta área, o trabalho em terra deve ser considerado tão importante
com o trabalho no mar, pois ambos são interdependentes e já diz o velho ditado:
“Quem vai ao mar avia-se em terra!”
Rita Ferreira
Publicado
na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 16 de Dezembro de 2015
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