sexta-feira, 20 de março de 2015

DESTAQUE DO MÊS DE MARÇO DE 2015

CARLA COSTA
piloto de ralis
 
Carla Costa (à direita) com a filha Bárbara Costa sua navegadora
 
Carla Cristina Bento Ferreira Costa, tem 39 anos é proprietária da empresa Mil Flores e foi sexta classificada à geral, primeira entre as pilotos açorianas no Rali Sprint da Praia da Vitória, prova realizada no passado dia 8 de Março e destinada a pilotos mulheres.
O interesse pelo automobilismo nasceu à 17 anos, tinha então 23. Tudo começou por brincadeira entre amigos. Tinha o carro que já era do meu marido (uma Renault 4 Gtl) que já tinha feito ralis e foi só arranjar apoios para as despesas e fui com uma amiga (Natacha Pires, minha primeira navegadora). Foi um dia inesquecível em que sentimos o carinho das pessoas na estrada e que não arredaram pé para nos verem, mesmo sendo as últimas a passar. Foi aí que começou o vício. Porque os ralis são viciantes. A adrenalina de andar depressa é viciante, queres sempre mais.
 
Relativamente ao automobilismo ser maioritariamente para homens a piloto refere que espera que isso mude. Nem sempre é fácil, porque eles têm sempre a ideia que são eles que devem ser os melhores e não aceitam o contrário. Mas a integração foi fácil. Fui sempre bem recebida entre eles. No entanto, houve uma altura em que por ser mulher não levavam a sério a minha participação, mas houve um rali em que andei melhor do que alguns e não acharam muita piada e via-se que se sentiam incomodados. Mas eu estava lá e tinham que contar com isso. Com estas situações, só fazem com que queiramos aprender, melhorar e andar mais depressa. Recebem-nos sempre bem, mas se por acaso os tempos ditarem que é uma mulher a estar á frente, as reações já não são as mesmas. Mas temos que ser indiferentes a isso e não mostrarmos insegurança, mesmo que ela exista. Em geral confessa que nunca se sentiu discriminada, só se for pelo facto de pensarem que não somos capazes por sermos mulheres, mas isso é o que pensam e não nos pode incomodar.
 
Sobre as mulheres vítimas de violência doméstica.
Acho que são vistas com pena. São mulheres a quem lhes foi negado a felicidade e a auto estima, mas que devem de ter todo o nosso mérito, porque passam o pior dos piores e continuam a viver e a sobreviver e muitas delas com um sorriso no rosto.
Relativamente às instituições que trabalham com vítimas de violência a piloto refere que fazem o que deveria ser feito por qualquer pessoa, mas ainda bem que existem. Fazem com que essas mulheres sintam que tem como ser protegidas.
 
Opinião sobre o Ladies Rally Trophy
Acho que foi uma ideia genial. Vai dar a oportunidade das mulheres mostrarem o que valem na estrada. Que também sabem conduzir e andar depressa. Tirar a ideia que as mulheres não sabem conduzir. Espero que apareçam mais mulheres interessadas na modalidade. Que com este primeiro rali, faça com que desperte a curiosidade e as faça querer experimentar. E depois de experimentar vão querer continuar de certeza.
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 20 de Março de 2015
 
 

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