quinta-feira, 10 de abril de 2014

UMAR Açores participa na conferência “Racismo, Integração e Mobilidade: uma questão de Direitos Humanos”


Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial
 
Fotografia: Emiliana Gaspar - AIPA
 
Numa iniciativa promovida pela AIPA - Associação dos Imigrantes nos Açores assinalou-se no passado dia 21 de Março, no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, o Dia Internacional da Luta pela Eliminação da Discriminação Racial. A UMAR Açores / CIPA foi convidada a participar na mesa redonda intitulada A discriminação racial em Portugal.
Tendo como ponto de partida a dupla discriminação e vitimização das mulheres imigrantes quando se encontram em situação de violência de género, constatou-se que as situações
de violência nas relações de intimidade podem ser agravadas por factores como o estatuto legal, a classe social, a cultura ou a etnicidade, entre outros. Para além disso, a pouca familiaridade com a língua, o difícil acesso a empregos adequados, o conhecimento insuficiente dos seus direitos, o isolamento da comunidade imigrante e o distanciamento das redes sociais e familiares de apoio também contribuem para reduzir a capacidade das mulheres imigrantes se protegerem contra situações de violência e abuso.
Um outro problema apontado prende‑se com o receio das polícias e das entidades legais. As imigrantes ilegais estão particularmente vulneráveis, porque evitam relatar a sua vitimização à polícia com medo de serem deportadas. Assim, sentem‑se coagidas a permanecer em silêncio sobre os crimes cometidos na rua ou em casa, o que as faz sentir mais amedrontadas e mais cautelosas, limitando as suas vidas ainda mais severamente. Como consequência, a ajuda é procurada por estas mulheres em situações já de extrema gravidade.
Observa-se assim uma dupla vitimização, a perpetrada pelo agressor e a cometida pelas instâncias que deviam assegurar a protecção daquelas mulheres.
Por outro lado, algumas políticas tendem a ser ineficazes, uma vez que não é possível intervir separadamente sobre pessoas que sofrem duplas e triplas experiências de discriminação, assentes numa experiência de opressão marcada pelo género, pela classe, pela etnia ou pela nacionalidade. Estas mulheres são confrontadas, não apenas com discriminação com base na desigualdade de género, mas também com barreiras étnicas da sociedade de acolhimento.
Neste contexto, torna-se evidente que são necessárias políticas de imigração menos restritivas que não forcem as populações migrantes a refugiar-se na clandestinidade, privilegiando o reconhecimento cultural e a sua diversidade, evitando assim, leituras universalizante.
 
Publicado na Página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 09 de Abril de 2014.

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