terça-feira, 4 de julho de 2017

DESTAQUE DO MÊS DE JUNHO DE 2017

PAULA LOURENÇO
(Produtora agrícola)
 
 
"Quando os ventos da mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento"
Érico Veríssimo
 
Paula Isabel Lourenço, tem 48 anos e é natural da freguesia de Santa Cruz, concelho da Praia da Vitória. Durante 24 anos trabalhou como auxiliar de educação numa creche e jardim-de-infância e atualmente é produtora agrícola desde os 42 anos. Foi depois da morte do seu marido que deu continuidade à empresa e continuou a trabalhar em simultâneo no colégio. Ao fim de dois anos não conseguiu conciliar ambas as atividades e por isso abdicou do colégio e ficou com a empresa pensando no futuro dos seus filhos. Actualmente conta com um funcionário que a ajuda e dividem tarefas, "raramente estou sozinha, fico na parte da ordenha a tratar dos vitelos, na limpeza da mesma e na burocracia, que não é pouca". Segundo a entrevistada, não é tarefa fácil exercer uma profissão maioritariamente associada ao masculino porque além da atividade agrícola tem à sua conta as tarefas domésticas, cuidar dos seus filhos e ajudá-los naquilo que for necessário, "como deve calcular, tenho uma vida extremamente preenchida (...) mas é gratificante principalmente quando se tem amigo/as para ajudar. É uma aprendizagem diária". Quando questionada, como foi a sua integração nesta área e quais as principais dificuldades que enfrentou, a senhora referiu que "na prática, foi começar do zero" mas tinha muita vontade de aprender, "claro que não se aprende num dia a lidar com as diversas situações ou tarefas inerentes à agricultura". As principais dificuldades que sentiu foi em relação às condições climáticas, com a forma de maneio dos animais mas sobretudo na preparação da ordenha porque esta tarefa está relacionada com diversos procedimentos que envolvem toda a maquinaria existente numa casa de ordenha, "todos estes procedimentos têm, obviamente, uma enorme responsabilidade". Uma vez que trabalha numa área maioritariamente associada ao masculino, não se sente discriminada no seu trabalho pelo facto de ser mulher, no entanto, sente "que poderá haver uma maior abertura no desempenho das mulheres na agricultura, pois em certos países é normal esta atividade ser realizada por mulheres (ex: Holanda). Relativamente à sua opinião acerca das mulheres vítimas de Violência Doméstica, comentou que "felizmente os tempos mudaram para melhor (...), este tema tem merecido algum destaque na televisão, jornais, entre outros meios de comunicação (...). Apesar de haver mais sensibilização para este tema, a nossa sociedade vê com algum conformismo e indiferença estas mulheres". Para finalizar, à pergunta, “o que acha do papel das associações que defendem os direitos das mulheres?”, a entrevistada replicou que "é bom porque estas mulheres têm a quem recorrer para orientá-las" e que é uma mais valia, "tudo o que seja para defender uma boa causa é sempre positivo".
Por Adriano Lopes Estagiário na UMAR Açores do curso de Técnico de Apoio Psicossocial
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 4 de Julho de 2017 
 

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