quinta-feira, 21 de abril de 2016

25 de Abril, Sempre

 
O 25 de Abril abriu-nos portas para a liberdade de agir e de pensar, para o acesso à educação, para o direito à saúde, à habitação digna, para um emprego com direitos, para uma vida sexual livre e desejada. Abriu as portas para os nossos direitos como Mulheres, negados e reprimidos durante 48 anos de ditadura.
Quarenta e dois anos depois da Revolução dos Cravos, é importante relembrar a situação anterior da Mulher na sociedade portuguesa.
Até 1974, a Mulher era vista apenas como mera dona de casa, mãe, companheira e pouco mais. Muito poucas eram as que trabalhavam, e as que o faziam ganhavam cerca de 40% menos do que os homens. A Mulher, face ao Código Civil, podia ser rejeitada pelo marido no caso de não ser virgem na altura do casamento e o casamento católico, por sua vez, era indissolúvel. As mães solteiras não tinham direito a qualquer protecção.
O Código Penal permitia matar a Mulher em flagrante adultério, sofrendo apenas um desterro de seis meses. Até 1969, a Mulher não podia viajar para o estrangeiro sem uma autorização do marido ou do pai. Estavam impedidas de exercer determinadas profissões e só podiam votar quando fossem chefes de família e se possuíssem um curso médio ou superior. No que concerne à saúde sexual e reprodutiva, os médicos não estavam autorizados a receitar contraceptivos orais.
O aborto era punido em qualquer circunstância. Com o 25 de Abril de 1974 abriram-se as portas para a conquista de um lugar digno na sociedade. A Mulher portuguesa deixou de ser vista apenas como a filha, esposa ou mãe e passou a ser encarada também como cidadã. Pôs-se fim à discriminação. As Mulheres do 25 de Abril travaram uma luta reivindicativa, económica e social pela defesa das suas liberdades. Uma luta pelo direito ao trabalho e à igualdade na sociedade, ao nível laboral, familiar, na participação social, política, cultural e até mesmo desportiva. No entanto, 42 anos depois, não podemos deixar que todas estas conquistas adquiridas por nós, Mulheres, sejam novamente postas em causa. O aumento do custo de vida, os baixos salários e o desemprego estão a pôr novamente em causa a vida das famílias e em particular das Mulheres. As políticas aplicadas pelos governantes destroem a coesão social e causam a instabilidade no seio das famílias e, como consequência, acentua-se muitas das vezes o fenómeno da violência. Não podemos, por isso, permitir que haja um recuo nos direitos alcançados, pois isso significará aceitar a discriminação e o papel secundário para o qual nos querem remeter… Vivam as Mulheres! Viva o 25 de Abril! Viva a liberdade!
 
Publicado na página IGUALDADE XXI no Jornal Diário Insular de 21 de Abril de 2016
 


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